Os tratados sobre o Tai Chi Chuan representam uma forma importante de ampliar o entendimento sobre a prática. Unir prática e teoria é sempre uma combinaçãoimportante. Mas, no caso das artes marciais, a teoria é um complemento que esclarece pontos importantes durante a prática. Abaixo o tratado conhecido como o Clássico doTai Chi Chuan. É atribuído ao monge taoísta Zhang San Feng e teria sido escrito no século XII aproximadamente. Não há evidências histórias sobre a origem do tratado. Contudo é tomado como referência por outros tratados e escritos posteriores.
"A partir de menor movimento, todo corpo deve estar leve e ágil, com todas as partes ligadas. Convem estimular o Qi (energia, sopro), concentrar o poder espiritual (Yi, intenção), fazer de modo que os movimentos não apresentem nenhuma ruptura, que não tenham reentrância nem saliência e não apresentem descontinuidade. A energia enraíza-se nos pés, desenvolve-se nas pernas, é comandada pela cintura e manifesta-se nos dedos. Dos pés às pernas e à cintura, é necessário uma unidade perfeita. Assim, seremos capazes, no avanço e no recuo, de captar o momento propício e obter uma posição vantajosa. Caso contrário, o corpo será deslocado, defeito proveniente das pernas e da cintura.
Aplica-se o princípio seja qual for a direção. Tudo isso é um caso de intenção e não uma coisa exterior (apenas força física). O alto não vai sem o baixo, nem a esqueda sem a direita, nem o dianteiro sem o traseiro; se a intenção é ir para cima, coloquemos o pensamento voltado para baixo, exatamente como quando queremos arrancar uma planta; se lhe acrescentarmos a ideia de torção, é certo que a própria raiz se romperá e será rapidamente destruída. Convém distinguir claramente o "vazio" do "cheio". Cada parte do corpo corresponde ao "vazio" ou à "plenitude". O corpo deve estar ligado, articulação por articulação, sem nenhuma descontinuidade".