Um dos principais motivos que levam as pessoas a buscarem a prática do Tai Ji Quan é a necessidade de encontrar um equilíbrio mental e emocional. Na prática do Tai Ji, devemos desenvolver a tranquilidade da mente para avançar na compreensão de seus princípios e desfrutar de uma qualidade de vida melhor. Para tanto, é preciso entender um dos pilares do Tai Chi: onde o pensamento está, a energia está. A ideia é que pensamento e energia andam juntos. O pensamento tem o poder de direcionar a energia. Assim a vontade e a disciplina se tornam objetivos das práticas orientais. Contudo, outro princípio do Tai Ji pode parecer contrário ao "esforço" de disciplinar nossa mente: agir de forma natural e espontânea. Esta é uma das exigências para aqueles que buscam o verdadeiro caminho (Dao).
A prática do Tai Ji encontra como dificuldade inicial a falta de concentração: problemas nas mais diversas áreas da vida, impaciência, busca por resultados rápidos, falta de vontade (para a maioria das coisas, falta de disciplina, foco) ou ainda dificuldade de ficar consigo mesmo. Pois, já nas primeiras aulas temos de enfrentar nossos pensamentos e emoções que borbulham em nossa mente enquanto tentamos realizar lentamente algum movimento. Contudo, a prática contínua poderá ajudar a superar alguns aspectos. Pois, percebemos que podemos superar algumas dificuldades e avançar. Assim, acalmar a mente por meio da respiração, da música, da percepção do toque ou da sensação do movimento corporal pode ajudar a direcionar nossa atenção e permitir um foco, uma percepção maior sobre nossa experiência no momento da prática. Fazer tai chi é perceber uma série de forças e potencialidades que estão inatas no indivíduo. Assim, observe os conselhos abaixo:
a) Pensar sobre os problemas é uma boa forma de encontrar soluções. Mas, pensar muito é uma boa forma de adiar a solução. além, disso, ficar obsessivo por algo impede de ver as coisas claramente. Na ciência, grandes descobertas foram feitas em momento de relaxamento. Descubra a medida. Mas, é facil saber se já está para além do ideal: você não consegue parar de pensar no que te preocupa.
b) Existe um ditado nas Artes Marciais Chinesas; "Quando não souber o que fazer, treine". Pois, quando relaxamos, abrimos espaço para que novas percepções e ideias possam surgir. Evitar um enfoque obsessivo é muito importante.
c) Busque desenvolver sua concentração: tente não se incomodar com o colega, com a música ou barulho, viva sua experiência. Treine nas pequenas coisas.
d) Antes de iniciar a prática, busque o recolhimento (meditação, Qi Gong, oração, concentração). Apenas faça algo que pode permitir sentir o corpo e aliviar a mente do cotidiano.
e) Na prática do Tai Ji, valorize a portura Wu Chi (início). É uma postura de recolhimento e preparação. Passe em revista pelas partes do corpo, tentando aliviar tensões e tornar o corpo mais relaxado. Não comece sem um momento de concentração.
f) Sinta a energia em suas mãos (calor, etc).
g) Busque sentir seus pés (toque, pontos de maior pressão na sola dos pés, temperatura, relação com o quadril e joelhos, etc).
h) Busque sentir o Tan Tien (hara).
i) Aprenda a pensar no movimento, direcionando a energia como se fosse uma corrente de energia ou água. Sinta que quando você expande o braço ele preenche com plenitude todas as partes e quando recolhe ela é direcionada para o centro, diminuido a quantidade de fluxo. É um bom exercício inicial. Sinta sua mente dirigindo o corpo e o fluxo energético. Isto parece um pouco improvável, mas na medida que a prática evolui podemos perceber alguns aspectos.
j) Tai Ji não é movimento apenas. Na verdade, quando você não precisa mais aprender movimentos (já sabe a sequência de movimentos) é que realmente inicia a prática.
A disciplina não é contrária ao que é natural. É uma forma de libertar o indivíduo de alguns hábitos, e de influências da cultura. Assim, poderemos sentir o que é natural e não apenas seguir padrões e frases que adotamos como verdadeiros.
A mente fica tranquila, quando encontra espaço para compreender certas razões e emoções, quando põem de lado o que achavamos essencial, mas que era secudário. Quando descobre que a paz está ligada a nossa forma de ver o mundo e não ao controle de coisas que não podem ser controladas.