sábado, 16 de abril de 2011

Respiração da Árvore III

Refletir poeticamente pode ajudar na integração com o meio em que realizamos a respiração da árvore. O ideal é realizar em meio a natureza. Mas, quando não é possível, devemos utilizar nossa mente como ferramenta de integração pela memória e imaginação. Abaixo uma reflexão poética traduzida do mestre Lam Kam Chuem sobre como estar na postura da árvore pode metafóricamente nos aproximar da natureza:


A  Árvore em Florescência
A  estação  muda   imperceptivelmente. A luz do começo da manhã está pálida. Nuvens vagam  pelo horizonte. Nada se move na distancia.  A aurora  é  suave.
 A árvore continua imóvel, mas algo mudou dentro dela.
O  ar da manhã  está quente, a grama está úmida. As criaturinhas do solo se movem sobre o chão.
As raízes da árvore estendem as pontas para dentro da terra   vivas sob inúmeras mudanças em seu mundo  escuro e úmido. Seus filamentos delgados absorvem o orvalho silencioso que resplandece sobre o solo.
A terra está se elevando através da árvore.  Dentro de seu tronco possante, a vida estremece e acorda.  
Imensa,  sozinha, a árvore está dando à luz. Novos brotos estão se abrindo no ar. Surgem miniaturas de folhas enroladas  -  o trabalho dos meses quietos  e solitários do inverno.
A árvore está totalmente entregue ao crescimento. Sua casca se estica. Nascem  incontáveis células.
Os ventos  da manhã sopram através da árvore em expansão. Em todos os galhos, os  brotos  e os botões estremecem na brisa. As folhas em crescimento   se entendem  para cada raio de sol. Os poros abertos das folhas estão respirando  e suas veias estão cheias.
A árvore está coroada pelo silêncio, como uma cachoeira. Esta presa  no chão:   imóvel entre o poderoso puxão  de todos os fios capilares das raízes   e as pétalas perfumadas evanescentes de seus ramos.