Refletir poeticamente pode ajudar na integração com o meio em que realizamos a respiração da árvore. O ideal é realizar em meio a natureza. Mas, quando não é possível, devemos utilizar nossa mente como ferramenta de integração pela memória e imaginação. Abaixo uma reflexão poética traduzida do mestre Lam Kam Chuem sobre como estar na postura da árvore pode metafóricamente nos aproximar da natureza:
A Árvore em Florescência
A estação muda imperceptivelmente. A luz do começo da manhã está pálida. Nuvens vagam pelo horizonte. Nada se move na distancia. A aurora é suave.
A árvore continua imóvel, mas algo mudou dentro dela.
O ar da manhã está quente, a grama está úmida. As criaturinhas do solo se movem sobre o chão.
As raízes da árvore estendem as pontas para dentro da terra vivas sob inúmeras mudanças em seu mundo escuro e úmido. Seus filamentos delgados absorvem o orvalho silencioso que resplandece sobre o solo.
A terra está se elevando através da árvore. Dentro de seu tronco possante, a vida estremece e acorda.
Imensa, sozinha, a árvore está dando à luz. Novos brotos estão se abrindo no ar. Surgem miniaturas de folhas enroladas - o trabalho dos meses quietos e solitários do inverno.
A árvore está totalmente entregue ao crescimento. Sua casca se estica. Nascem incontáveis células.
Os ventos da manhã sopram através da árvore em expansão. Em todos os galhos, os brotos e os botões estremecem na brisa. As folhas em crescimento se entendem para cada raio de sol. Os poros abertos das folhas estão respirando e suas veias estão cheias.
A árvore está coroada pelo silêncio, como uma cachoeira. Esta presa no chão: imóvel entre o poderoso puxão de todos os fios capilares das raízes e as pétalas perfumadas evanescentes de seus ramos.